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Já somos cientes da importância da Literatura para a formação intelectual dos indivíduos. Ademais, as experiências vividas por meio das narrativas e dos personagens, bem como os sentimentos e as emoções experimentadas por meio da poesia, nos fazem descobrir um caminho de soluções para os nossos próprios conflitos. Vale acrescentar, também, que nosso papel de cidadãos é aprimorado com a Literatura, haja vista que ela promove certa desalienação, pois conseguimos perceber e enxergar melhor a nossa realidade e as possibilidades de melhorá-la.

Consequentemente, podemos afirmar a necessidade da presença de textos literários e do hábito da leitura no cotidiano dos jovens, especialmente, no ambiente escolar, pois:

A leitura é, fundamentalmente, processo político. Aqueles que formam leitores – alfabetizadores, professores, bibliotecários – desempenham u papel político que poderá estar ou não comprometido com a transformação social, conforme estejam ou não conscientes da força de reprodução e, ao mesmo tempo, do espaço de contradição presentes nas condições sociais da leitura, e tenham ou não assumido a luta contra aquela e a ocupação deste como possibilidade de conscientização e questionamento da realidade em que o leitor se insere.

(LAJOLO, 1996, p. 28)

A partir de então, a Literatura está no conjunto de referências sociais e culturais que podem ser adquiridas ao longo da vida de um sujeito, contribuindo, dessa forma, para fundamentar e/ou fortalecer os posicionamentos que vamos assumindo frente às problemáticas com as quais precisamos lidar. Por isso, é natural que as obras e os movimentos literários sejam utilizados, por exemplo, na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como repertório sociocultural, aspecto este avaliado na Competência II.


É válido explicar que usar um repertório sociocultural na redação do ENEM é mostrar para a banca a capacidade de mobilizar conteúdos das várias áreas do conhecimento, que “devem ser pertinentes ao tema” e articuladas “de modo produtivo […], evidenciando que […] servem a um propósito muito bem definido” (BRASIL, 2019, p. 12), que é o de fundamentar o ponto de vista a ser defendido na argumentação elaborada.

A partir de então, é possível adquirir conhecimento por meio da literatura e mobilizá-lo na escrita de uma redação, visto que muitas temáticas exploradas no referido exame podem ser apreendidas, questionadas, exploradas com base na leitura de obras literárias. Por isso, também se faz interessante ter contato com os diversos gêneros, dos clássicos aos contemporâneos, a fim de aprimorar a capacidade de fazer analogias, comparações, exemplificações, citações, entre outras ações possíveis.

Logo, ler Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, pode ser um caminho para temáticas que abordem desigualdade social, preconceito étnico-racial, o lugar da mulher negra na sociedade brasileira, a situação precária das favelas, para citar algumas; ler A peste, de Albert Camus, pode ser usado para contextualizar temas que tratem de governos autoritários, problemas éticos ligados ao comportamento humano ou calamidades relacionadas à saúde pública; ler Torto Arado, de Itamar Vieira, pode ajudar a desenvolver um raciocínio em torno das consequências de um histórico de colonização que marca a formação da nação brasileira, da luta de terras no nosso país, da valorização das comunidades e dos povos tradicionais (tema do ENEM 2022), etc.


Assim, é interessante conscientizar os jovens leitores que a literatura não é apenas um “entretenimento”, mas que essa manifestação artística pode ser também apropriada para o aprimoramento do repertório cultural a ser utilizado num exame de vestibular, por exemplo.

Claro que não se deve impor às obras literárias uma finalidade utilitária, contudo é necessário que se estenda o olhar a respeito do fato literário para enxergar suas potencialidades e o quanto elas podem nos levar longe.



REFERÊNCIAS


BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A redação no Enem 2022: cartilha do participante. Brasília, 2022. Disponível em: . Acesso: 12 out. 2023.
LAJOLO, Marisa. A formação do leitor no Brasil. São Paulo: Ática, 1996.

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