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Possuo vagas lembranças de contato com os livros antes dos meus 10 anos de idade… confesso que, possivelmente, eu apenas tivesse lidado com os livros didáticos da escola, a realizar as atividades propostas pelas professoras e a restringir as leituras com os excertos disponíveis naqueles materiais.

Contudo, entre meus dez e onze anos de idade, tomei a iniciativa de entrar na biblioteca da escola e tamanho espanto tive ao dar de cara com aquela quantidade de livros naquelas estantes.

Livros de variados tamanhos, formatos, cores, velhos e novos, de várias áreas do conhecimento… apesar de ser pequena, para mim aquela biblioteca parecia um mundo a ser explorado.

Comecei a, timidamente, tatear as lombadas com as pontas dos dedos, sentindo a vibração de cada livro e deliciando-me com a sensação de poder conhecer outros mundos, outras “pessoas”, de poder refugiar-me naquelas páginas…

Repentinamente, minha distração foi interrompida por um título um tanto inusitado. Era o livro A droga da obediência, do escritor paulistano Pedro Bandeira. O livro havia sido lançado em 1983, mas foi no finalzinho da década de 90 que ele apareceu ali, na minha frente, numa biblioteca escolar.

Li a sinopse e já fiquei interessada na leitura, pois estava curiosa para saber o que significava aquela “droga da obediência”.

Percebendo meu interesse, a bibliotecária me informou que eu podia levar o livro para casa e devolvê-lo dentro de um prazo de quinze dias. O que eu fiz? Claro que fiz o empréstimo e fui toda serelepe (é essa mesma a palavra!), para casa, ansiosa para iniciar a leitura daquele livro.

Li-o rapidamente e, simplesmente, fiquei encantada pela narrativa.

A partir daí, tornei-me a leitora que sou hoje. Foi com esse livro que construí o hábito da leitura, que fui distinguindo minhas preferências, que fui aprendendo cada vez mais.

Sendo assim, aproveito para fazer essa indicação de leitura, especialmente para a turminha dos nove, dez, onze anos.

A droga da obediência trata-se de uma narrativa policial. Estranhamente, os melhores alunos das escolas de alta classe de São Paulo desaparecem. O mistério que ronda esses desaparecimentos atiça a curiosidade de cinco jovens do Colégio Elite. São eles: Miguel, Magrí, Crânio, Calú e Chumbinho. Juntos eles formam o grupo chamado “Os karas” e decidem engendrar uma investigação por conta própria dos desaparecimentos de estudantes. Descobrem que um tal de Dr. Q.I. está por trás dos desaparecimentos e que sua intenção é testar uma espécie de “droga” que torna seu usuário um indivíduo dócil, obediente, servil, sem contestar nenhuma ordem dada, executando-a até a exaustão. Assim, os karas enfrentam esse vilão e ajudam a polícia a salvar as vítimas e, dessa forma, prender o Dr. Q.I.

Com uma pitada de romance policial infanto-juvenil, uma dose de Sherlock Holmes e um pouco de humor e manias de adolescentes, esse livro trata do domínio sobre a humanidade e suas consequências: como seria se todos fôssemos controlados por uma única mente, doentia e tirânica?

Bandeira, então, colocou a união e o trabalho em grupo como a melhor forma para escapar de algo assim: um domínio total sobre os adolescentes considerados “os melhores”, que, sob o poder de uma droga, obedeciam cegamente ao Dr. Q.I., o grande vilão da história.

Deixo aqui, portanto, uma dica de leitura com essa breve resenha, na certeza de que a leitura dessa obra nos faz pensar sobre a tirania do poder, a “domesticação” das pessoas, a alienação, o respeito pelo diferente e a esperança de um mundo melhor.

Boa leitura!



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